segunda-feira, 22 de agosto de 2016

ESTIMULAÇÃO PRECOCE.



O termo estimulação precoce significa o conjunto de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar o pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo (1).

O termo reabilitação implica na recuperação dos indivíduos ao maior  nível físico, psicológico e de adaptação social possível. Isso inclui todas as medidas que pretendem reduzir o impacto da inabilidade e condições de desvantagem e permitir que as pessoas deficientes atinjam uma integração social ótima (2) (3).

Desta forma o termo estimulação pode ser relacionado à promoção do desenvolvimento da criança, a ser  realizado pela mãe  e pela  escola e não só  em um centro especializado.

Baseado em pesquisas de neurociência que vem enfatizando a importância da genética e a influência do ambiente (entorno) na organização da estrutura psíquica do indivíduo, o nosso principal objetivo é  facilitar o desenvolvimento harmonioso de todas as funções do sistema nervoso, seja ela uma criança normal ou com desenvolvimento anormal devido  um atraso maturacional ou por lesão em sistema nervoso (4).

Embora o bebê, por fatores hereditários, tenha tendência a desenvolver determinados comportamentos, eles passarão a ser modulados pela intervenção dos primeiros cuidados (pai/mãe) desde os momentos mais precoces da vida (teoria da epigenética (5)). O curso clínico da criança se modifica tanto pela recuperação espontânea das funções cerebrais quanto pela continuidade de mudanças próprias do desenvolvimento.

O modo como os vínculos são estabelecidos determinará a “formatação” neurobiológica cerebral, com a consequente organização das redes circuitárias neuronais, como se fossem aprendizados sucessivos, interdependentes e de complexidade crescente, de tal forma que o mais complexo necessitará da boa organização do mais simples para a sua adequada instalação. Servirão como alicerces seguros para o desenvolvimento integral do indivíduo e mais especialmente para a sua progressiva maturidade emocional.

Dentro de uma visão holística e transdisciplinar, voltada para o atendimento materno-infantil, o principal objetivo é habilitar funções ainda não adquiridas, potencializando o desenvolvimento e funcionamento normal do indivíduo, além de prevenir potenciais déficits em crianças com fatores de risco e “recuperar” aquelas que já apresentam déficits ou que necessitem  de adaptações.
A criança é capaz de modificar seu ambiente e é o centro de suas próprias experiências e da sua aprendizagem. É um Ser em desenvolvimento, o qual pode ser potencializado pelos  estímulos que recebe.

Os programas de estimulação precoce baseiam-se  na teoria da  neuroplasticidade neuronal e no fato dela ser  mais acentuada nos primeiros anos de vida,  assim sendo, o desenvolvimento da criança pode (e deve) ser otimizada pelo diagnóstico precoce, baseado no conhecimento dos fatores de risco iniciando desta forma, o mais precocemente a estimulação.
Quanto menor o tempo para iniciar programa  maior será o aproveitamento da plasticidade cerebral, e menores as alterações no desenvolvimento da criança(7),(8).
É importante destacar que a presença de fatores de risco não implica sempre em evolução desfavorável (7) .

Podemos definir risco como "a maior possibilidade que um indivíduo ou grupo de pessoas tem de sofrer no futuro um dano em sua saúde", e fatores de risco como "características ou circunstâncias pessoais, ambientais ou sociais dos indivíduos ou grupos associados com um aumento dessa possibilidade" (6).

Muito mais que adaptar e habilitar, reabilitar ou estimular, a função que se encontra afetada, o centro de atenção integrada materno infantil em conjunto com familiares e educadores, tem que ter como visão a inserção do individuo na sociedade de maneira integral, além de diminuir os preconceitos aumentando a acessibilidade. (Silva, K.R.-2009).

CONCEITOS UNIVERSAIS

INTELIGÊNCIA podemos dizer que  é a capacidade que um determinado individuo tem de (9):
            Resolver problemas (soluções diferentes para a mesma questão )
            Criar produtos aceitos (conhecimento e ação – novo significado)
            Realizar ações que o fazem feliz.

ESTIMULAÇÃO PRECOCE
Ferramenta para favorecer o desenvolvimento
Intervêm  nos sentidos, percepção e o prazer da exploração
Desenvolver a inteligência.

FACILITADOR
O desenvolvimento humano é entendido com multidimensional(11) , ao expor a criança a situações por  meio de atividades sensório-motoras  para que ela experencie e desenvolva suas habilidades aumentando a capacidade  de criar e modificar o seu meio, esta atividade se torna um facilitador.


TEMOS  5 ÁREAS DE DESENVOLVIMENTO.
            Motor
            Linguagem
            Sensorial (visão/tato/audição/olfato/ gustação)
            Social
            Educacional
Todas elas ficam guardadas em nossa memória, que é estimulada pelas nossas experiências e sofrem influência do fator biológico  interno (5). Elas depois irão determinar nossa ‘inteligência’.

NEUROPLASTICIDADE – refere-se à capacidade do nosso cérebro:
- mudar conexões em resposta a demanda interna e/ou externa;
- em adquirir novas funções – em mudar e  ‘aprender’
É  quando o cérebro ‘cresce’ e tem inicio na 6ª semana gestacional(12).
O ciclo neuroplástico é um conjunto de mecanismos que ocorrem ao longo da vida e são responsáveis pelas mudanças das etapas neuro-evolutivas, aprendizado hábil motor atém de possibilitar a interação do indivíduo com o meio.
Tem que  estar pronto no 9º mês quando o bebê nasce(12)..
Migração neuronal – teorias
            - ramificações das glias radiais (irradiação glial)
            - afinidades químicas que ocorrem pela especialização de um teor neuroquímico

No primeiro ano de vida os sistemas básicos motor e sensorial, são mielinizados fazendo a integração com os demais sistemas.
No decorrer do desenvolvimento aquilo que não é importante ou não  é necessário é podado- fazendo com que a ação principal seja acessada mais rapidamente ( ex: o andar – fica mais linear e fluido e com o tempo  correr sem cair) .

Estimular desde cedo o olfato e o paladar
- sabonetes / perfumes
-cheiros das frutas e alimentos
- estimular o paladar variado para que depois a criança  aceite os diversos alimentos
- mudanças da texturas.

Estimular a visão
- cores variadas
-contraste de cores
- objetos de formas  variadas e tamanhos
- esconde – esconde, esconder objetos

BIBLIOGRAFIA
1    1- BRASIL. Ministério da Educação e Cultura/ Secretaria de Educação Especial. Diretrizes educacionais sobre estimulação precoce: o portador de necessidades especiais , Brasília: a Secretaria, MEC/SEESP, 1995.
2    2-    OMS, 1980 in apud Abrisqueta-Gomez e Santos, 2006
3    3- ABRISQUETA-GOMES, Jaqueline & DOS SANTOS, Flávia Heloísa. Reabilitação Neuropsicológica da Teoria à Prática. São Paulo: ARTES MÉDICAS, 2006.
4    4-   BRANDÃO J. S. Bases do tratamento por estimulação precoce da paralisia cerebral. São Paulo: Memnon Edições Científicas, 1992.
5    5-    G. Piaget, genetic epistemology, Columbia Universlty Press, 1970
6    6-   Sarue HE, Bertoni N, Diaz AG, Serrano CV. O conceito de risco e a programação dos cuidados à saúde: manual básico de aprendizagem inicial. Montevidéu: Centro Latino-Americano de Perinatologia e Desenvolvimento Humano CLAP; 1984. (Publicação Científica nº 1007).
7    7- Rosa Resegue1, Rosana Fiorini Puccini2, Edina Mariko Koga da Silva3, Fatores De Risco Associados A Alterações No Desenvolvimento Da Criança, PEDIATRIA (SÃO PAULO) 2007;29(2):117-128
8    8-  Hernández-Muela S, Mulas F, Mattos L. Plasticidad neuronal funcional. Rev Neurol 2004;38(1 Supl):58-68.
9    9-     Marilena Chaui, convite a filosofia , editora ática, 14ª Ed. 2012, cap5, pag 198-202.
1    10- Abordagem maturacionista: Histórico e contribuições; Marcus Vinicius M. Moraes, Elaine P. Raniero, Eloísa Tudela, Janaína Real de Moraes, Paula Bortolin, Juliana G. Martins.  Universidade Regional de Blumenau (FURB)ISSN: 1982-4866
1    11-  Gesell A. A criança de 0 a 5 anos. São Paulo: Martins Fontes 2003
1    12-  Prematuridade: desenvolvimento neurológico: avaliação e tratamento/ Maria do Céu Pereira Gonçalves, Rio de Janeiro: Reinventer, 2012.
1    13-  Intervenção precoce com bebês de risco / Cibelle K. Formiga, Elizete S. Pedrazzani, Eloisa Tudella. São Paulo: Editora Atheneu, 2010
 
Para quem deseja se atualizar sobre TDAH, deixo a seguir  um novo paper sobre o tema , recem publicado.

Household task demands for quiet and focused behavior facilitate performance by
ADHD youth (Demandas de tarefas domésticas por comportamento quieto e focado facilitam o
desempenho de jovens com TDAH) - DOI: 10.1590/0004-282X20160081
( arquivos de Neuro-psiquiatria - vol 74, number 7, July, 2016, São Paulo, SP, Brasil)

Camila Guimarães Mendes1, Adriana F. Drummond1, Débora M. Miranda2, Danielle S. Costa3, Marisa C. Mancini1

RESUMO
Este estudo avaliou transversalmente a correlação entre sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e de oposição com desempenho de crianças e adolescentes nas tarefas domésticas e assistência disponibilizada pelos cuidadores. Pais de crianças e adolescentes com TDAH (n = 67), de 6 a 14 anos, foram entrevistados com o children helping out: responsibilities, expectations and supports (CHORES). Foram encontradas correlações significativas entre sintomas de oposição e assistência em cuidado próprio (r = -0,31; p = 0,01) e de hiperatividade com assistência em cuidado próprio (r = -0,30, p = 0,01) e em cuidado familiar (r = -0,25, p = 0,04). Idade está diretamente correlacionada ao número de tarefas desempenhadas pela criança e inversamente associada à assistência disponibilizada pelos cuidadores. Maior número de sintomas de oposição resultou em maior assistência disponibilizada. Características dos sintomas de oposição, como a desobediência e hostilidade frente às autoridades, são limitantes para que essas crianças acessem as tarefas por iniciativa própria, demandando maior assistência dos cuidadores.
Palavras-chave: meio ambiente; comportamento; transtorno do deficit de atenção com hiperatividade; cuidadores.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

EPILEPSIA - na vida e na escola


EPILEPSIA

O QUE É EPILEPSIA  - o diagnóstico leva em conta além das crises epilépticas, os antecedentes pessoais (historia da gestação e parto, o desenvolvimento nos primeiros meses de vida, doenças anteriores e atuais), dados do exame físico e neurológico assim como o resultado dos exames em especial  o EEG (eletroencefalograma). Precisamos no mínimo 2 crises ( NÃO PROVOCADAS) para depois pensar em diagnóstico de epilepsia.
É uma das doenças mais antigas  da humanidade  e uma das mais freqüentes na população, perde apenas para dor de cabeça.
Atinge toda a população de forma igual – independente da origem étnica (“raça”) ou social.
Caracteriza-se por crises epiléptica (convulsão) – de ocorrência súbita,  desencadeada por uma excitabilidade anormal de um grupo de neurônios –  a está região chamamos de “foco epiléptico”. Dependendo do local onde ocorre o foco ( a região do cérebro) teremos um tipo de crise diferente – movimentos desordenados , mastigação, perda de consciência entre outros sintomas, ou seja nem sempre teremos  alterações motoras
As crises motoras são as mais facilmente reconhecidas e descritas pelos pacientes.
DISRITMIA É A MESMA COISA QUE EPILEPSIA?
NÃO - Antigamente os paciente usavam muito a palavra disritmia para se referir a crises e convulsões – contudo isto não é aceito pela classe  médica e científica.

continua....

INTELIGÊNCIA E OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

É comum na prática clínica, receber em consultório, os pais enviados a pedido da escola para avaliação - ora por terem dificuldade em lidar com o comportamento, ora por apresentarem  dificuldade na aprendizagem.
Não é fácil fazer este diagnóstico - principalmente se não há toda uma equipe de apoio - com pedagogos, fonoaudiológos e psicológos para auxiliar na  diferenciação das dificuldades de aprendizagem (com inteligência "normal") e deficiência mental.

Inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender.

Como se mede a inteligência?
Para saber se alguém é inteligente basta apenas a realização de teste psicométricos tais como Raven, WISC 3, WAIS  e medir seu QI (coeficiente de inteligência)?

O assunto é controverso e existem várias teorias. Na literatura não há concenso e a definição depende muito da linha do autor.

São muitas as alternativas já proposta para  a avaliação do QI. Mas o que é realmente interessante é nos situarmos além da inteliência concebida classicamente e em sua evolução (Anderson, 1999).
Não existe uma inteligência - mas várias, ela não é estática, mas modificável e fluída, depende da interação constante da pessoa com o meio, não sendo apenas algo puramente cognitivo, mas também emocional, social e cultural.

Se definir inteligência já é dificil - como fica então definir a falta de inteligência?
Este é um dos maiores desafios dos médicos, em especial dos que trabalham em centros de reabilitação ou com crianças na idade escolar.
 
Partindo do pressusposto que não existe uma única inteligência e a sua medida (QI) é enganosa e inválida para o diagnóstico e o conceito de dificuldades/distúrbios de aprendizagem, sendo portanto o mais importante a avaliação  de aptidão-rendimento e das dificuldades específicas apresentadas pelo indivíduo (criança) por uma equipe multiprofissional com apoio escolar. 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


- Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica - Jesús-Nicasio García Sánches, ed. artmed, 2004.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O papel da escola

Qual o papel da escola e professores no processo diagnóstico?

Na medida que o TDAH afeta também a capacidade para a aprendizagem, a escola pode auxiliar  no diagnóstico, sendo que algumas ações e informações são importantes:

  • Prestar atenção e descrever as atividades e comportamentos da criança
  • Como  a criança  se relaciona com adultos
  • Obedece a ordens, regras, respeita a hierarquia?
  • Como a criança se relaciona com outras crianças? Consegue brincar em grupo e seguir regras das brincadeiras? tem amigos
  • Como reage ao ser contrariada pelo professor ou por outras crianças?
  • Finaliza seus trabalhos e atividades?
  • O nível de acerto é igual ao dos outros alunos?
  • Como são suas habilidades de organização  em relação ao seu material, suas anotações?
  • Quais situações parecem piorar o desempenho  e quais parecem melhorá-lo?

Como a escola e professores auxiliam no tratamento?


Existem algumas estratégias para o manejo  de crianças  com TDAH no dia-a-dia da escola.

Recebendo a criança
  • Identifique quais os talentos dos seus alunos - estimule, aprove, encoraje no desenvolvimento dos mesmos
  • Elogie sempre que possível - evite expor os fracassos
    • a baixa auto-estima é o aspecto  que mais compromete o desempenho dos alunos - sendo que no TDAH isto é muito mais evidente e exuberante.
  • O prazer  está diretamente relacionado a capacidade de aprender - seja criativo e afetivo buscando estratégias que estimulem o interesse do aluno 
  • Evite o estigma conversando com todos os alunos sobre as necessidades específicas de cada um - independente de terem ou não uma dificuldade.
Organizando  o espaço

  • A rotina e a organização  são elementos fundamentais - assim, alertas e lembretes serão  de extrema valia. As crianças com TDAH esquecem com facilidade suas obrigações e deveres, as regras a serem seguidas - por isto  os recados devem ser reforçados e estarem sempre visíveis.
  • Quanto mais próximos do professore e longe dos  estímulos distratores  melhor.
    • Estabelaça combinados. estes precisam ser claros e diretos. lembre-se que ele se tornará mais seguro se souber o que se espera dele.
  • Regras e limites muito claros - inclusive prevendo as consequências. 
    • em uma briga - afaste-o  do conflito, aguarde a turbulência passar e mostre como as outras crianças interagem ( não o retire do convívio).
  • Informe  os progressos diariamente (mesmo que pequenos) - estimule avanços maiores.
  • Valorize cada ação positiva
  • Ignore a ação negativa mas ao mesmo tempo forneça o modelo correto de ação (por exemplo - em uma briga - retire-o do foco, sente-se com ele, aguarde alguns minutos e depois mostre como é bonito ver os outros brincarem em harmonia)



cisa assumir o importante papel de organizar os processos de ensino de forma a favorecer o máximo a aprendizagem.
 

domingo, 18 de abril de 2010

















Pocesso Diagnostico

Estas são possiveis causas para alterações  no comportamento e aprendizagem, por isto a importância da avliação criteriosa do Médico Neurologista/Psiquiatra ou outras especialidades como o Pediatra que se dedicam a estudar as alterações de comportamento e aprendizagem na infância e adolescência.


O TDAH é apenas uma parcela dos casos e merece atençãotanto quanto as outras alterações.


figura produzida por Drª Kellen R. Silva